terça-feira, 13 de novembro de 2012

Entrega em domicílio

Ventava muito... O tempo parecia não passar... E cada minuto parecia uma eternidade...
Cada passo naquela neve densa era um sacrifício enorme.
Éramos um bando de apenas 4 pessoas. Estávamos sozinhos no meio da imensidão de gelo.
O vento uivava e mesclado ao frio nos dava a impressão de que a qualquer momento iríamos ser congelados por uma baforada de um dragão branco.
Eu estava a frente fazendo meu papel de líder. Eu era o que tinha menos direito de demonstrar fraqueza naquele momento. Todos os outros esperavam que eu continuasse e era minha persistência que dava ânimo a eles.
Olhei para trás. A imagem era como um grande quadro branco onde o artista acidentalmente deixou cair algumas gotas de tinta vermelha, azul e marrom. Só havia neve, casacos de pele, cachecóis e um saco pesado que revezávamos.
O que quebrava a imensidão branca eram os cachecóis. Cada um ali representava uma cidade. Éramos um pequeno concelho mas nossas decisões afetavam a vida de centenas de pessoas. Nossa morte naquele lugar significaria quatro cidades desamparadas.
Eu era o líder desta viagem pois conheço o caminho até nosso destino. Precisamos chegar rápido ao forte mas ainda faltam alguns quilômetros...
Passadas algumas horas, após comermos pão, bebermos vinho e descansarmos um pouco, a nevasca cessou e o sol esquentou um pouco nosso corpo.
Continuamos nossa viagem até avistarmos no horizonte a muralha.
Nosso sentimento foi de grande alívio. Finalmente chegamos e iríamos cumprir nossa parte do acordo.
Fomos amparados pelos guardas da muralha que nos levaram até o regente da cidade, na presença de um clérigo e um mago alquimista (os de maior influência ali dentre o governo).
Colocamos o saco sobre a mesa, tiramos nossos suplementos (que não tinham nada haver com eles) e abrimos.
Todos ficaram maravilhados. Então aqueles quatro realmente conseguiram cumprir sua parte no acordo.
Diante deles sobre a mesa, ainda com um rubor de saúde único da raça, estava um filhote de dragão vermelho morto.
Agora o alquimista tinha o material que precisava.

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Inspiração inicial através de Fleet Foxes - White Winter Hymnal


domingo, 11 de novembro de 2012

Vingança dracônica

    O velho ancião dragão vermelho soltou uma baforada para o céu, sem nenhum objetivo maior senão lamentar.
Seu filho estava morto. Morto por humanos que sequer conheciam suas motivações. Morto por apenas sobrevoar o castelo como um filhote curioso, tentando entender o que eram aqueles que se movimentavam.
O que ele faria agora? Todos seus tesouros já não possuíam mais um herdeiro, havia dedicado grande parte de sua vida criando seu pequeno para que quando partisse eternamente rumo a Garyx houvesse alguém para dar continuidade em sua missão.
Percebeu que havia recebido não apenas uma desgraça dos deuses, mas também uma nova missão (talvez do próprio Garyx): ele precisava voltar a sua vida de destruição, só assim ele vingaria a morte de seu filho e deixaria de lamentar. Seria a melhor forma de demonstrar sua fé e ao mesmo tempo mostrar que não se mata um dragão sem se sofrer consequências.
Chegou a hora de sair de sua caverna, abandonar momentaneamente sua pilha dourada e partir rumo ao sua nova aventura.
"Não vai ser nada difícil, sei que eles não tem chance contra mim" era o que passava por sua cabeça. Talvez por isso ele resolveu fazer as coisas de uma forma um pouco diferente.