sábado, 22 de junho de 2013

Despertar

Paga-se o preço por Despertar num mundo onde as Tradições parecem não te acolher...
Fata-se instruções Daqueles que deveriam te ensinar o Controle sobre a Quintessência interior...
Sofre-se os efeitos do controle Tecnocrático por não ter o controle da Mente...
Perturba-me a falta das Tradições e de um Avatar presente quando passo por situações onde a Correspondência e o Tempo parecem me mostrar coisas que aparentemente não me servirão de nada...
Preocupo-me quando as Forças parecem me procurar pois meu Arete não me permite controlá-las direito...
Desnorteio-me quando os Oradores do Sonho e o Coro Celestial me dizem coisas que são contra o que sinto nos momentos onde o Primórdio e o Espírito me tocam...

Aguardo incessantemente e desesperadamente por um local que possa ser chamado de Capela...
Tropeço no Paradoxo e ao mesmo tempo, muitas vezes, me agarro a ele como a unica forma de continuar conhecendo minhas Esferas...

Enquanto isso vivo no meu Nodo particular que parece ser o motivo do meu Despertar...

terça-feira, 4 de junho de 2013

Criação



Ele tinha um hábito estranho... Andava por seu reino limpando a sebe para abrir portais com o simples objetivo de apreciar as artes humanas.
Isto não fazia muito sentido, levando em consideração o enorme castelo de areia que ele havia construído em segundos.
Mas hoje eu consigo entender.
Ele tinha inveja dos humanos conseguirem construir estruturas que duravam milênios sem se alterarem.
Tudo que ele queria era apenas entender por que seus sonhos iam embora junto com o vento.


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Texto postado originalmente em minha página www.facebook.com/changelingosperdidos

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Vou dirigindo


    Não sei para onde vou, não sei onde estou, não sei para onde esta estrada quer me levar, não sei o que posso encontrar no caminho. Não sei se quero saber de alguma coisa.
    Quem sou eu? Vamos, me diga quem sou eu... Não sabe? Então esqueça comigo e vamos continuar a viagem, afinal isto não faz muita diferença.
    Ligue o rádio por favor, gosto de quebrar o silêncio com alguma coisa, mesmo que eu nem esteja ouvindo de fato o que estão falando. O melhor companheiro para um viajante é o rádio, acredite. Aquela coisa de por pra tocar um cd ou MP3 não dá muito certo, afinal você gravou aquelas músicas, você sabe o que vai tocar e isto tira toda a graça do negócio. Pra mim quem viaja ouvindo cds são uns grandes egocentristas. "Conheço todas as músicas que vão tocar nestas próximas 20 horas de MP3! Duvida?" E ele vai a viagem toda cantando só pra mostrar que conhece. Quero ver ele cantar todas as músicas que passarem em 20 horas de RÁDIO. É impossível!
Gosto do rádio por isso, porque ele é tão imprevisível quanto esta estrada.
   Olhe! Uma lanchonete! Incrível não? Em que outro lugar você poderia ter tantas coisas aleatórias ao mesmo tempo? Olhe aquela curva ali na frente. Só saberemos o que vem depois dela quando virarmos. Não dá um friozinho na barriga? Pode ter qualquer coisa! Nossa, como fico empolgado com curvas!
   Pronto, viramos, viu como foi emocionante? Duvido que você já tivesse parado pra pensar nessas coisas que estou te dizendo agora... Viagens são assim, completamente imprevisíveis!
   Aquela lanchonete lá atrás por exemplo, tinha mais ou menos uns dez carros no estacionamento. Vamos fazer uma média de 30 pessoas no total. São trinta novas histórias com trinta novos pontos de vista. Você teria coragem de chegar lá e se dizer superior a todos eles? Você sequer sabe por quais estradas e quais curvas eles passaram! E nem precisa se dar o trabalho de tentar conhecê-los, enquanto tiverem gasolina eles continuarão viajando e tudo que você conseguiu descobrir irá se perder naquela lanchonete.
   Aliás, desculpe, você pegou carona comigo e esqueci de te perguntar para onde quer ir...

domingo, 9 de dezembro de 2012

Suspiro


Puxo o ar devagar

E enquanto o ar entra em meus pulmões
Penso sobre como tudo aconteceu
Sobre como tudo está acontecendo
E sobre como eu quero que tudo aconteça...

Penso sobre tudo que fiz,
Tudo que disse,
Tudo que pensei.
Percebo que algumas ações minhas
Irão me perseguir por muito tempo
Não que eu me arrependa,
Mas vou precisar saber lidar com isso...
Depois penso nas palavras que usei
Em algumas palavras que poderiam ter evitado outras coisas
Mas que eu simplesmente não consegui dizer
Ou disse o que não deveria...
E penso sobre o tempo que perdi
Quando me via pensando em coisas que não dariam em nada
Ou que só me atrapalhariam
No que eu realmente iria fazer

Aí paro pra refletir sobre o que estou fazendo
Será que estou indo por um caminho que será bom pra mim?
Será que quem está do meu lado é quem deveria estar?
Será que o chamado "destino" foi realmente brincalhão o suficiente
Pra fazer com que eu demorasse tanto pra chegar onde estou agora?
Será que tudo que fiz, tudo que disse e tudo que pensei
Não eram nada mais que situações que eu deveria passar
Pra chegar aqui
Neste momento onde não tenho tempo pra nada
Onde quero fazer milhares de coisas ao mesmo tempo
Onde cada minuto parece um segundo, onde cada hora parece um minuto
Onde cada dia parece meia hora
E quando estou com quem gosto?
Esse tempo parece ser ainda menor...
Quanto mais próximo, menos tempo?
Quanto mais feliz mais trabalho?
Quanto mais calmo mais motivos para se estressar?
Será que fiz algo errado?
Será que estou "pagando" por algum erro meu?
Ou nada mais é que uma fase da minha vida?

Depois penso em como quero que as coisas sejam
Em dias que poderei simplesmente deitar e sorrir
Pois fiz a coisa certa
Pois disse o que deveria dizer
E pensei da forma que deveria pensar.
Sorrio pois fui pelo caminho certo
Pois quem está do meu lado foi quem me ajudou a construir este futuro
Que tudo que passei foi apenas para me ensinar
E eu felizmente aprendi
Agora posso olhar pela janela e chorar
Chorar de saudade
Dos momentos que eu tinha que me preocupar com meu tempo
Dos momentos que eu me estressava com coisas bobas
Dos momentos que minhas responsabilidades eram mínimas
Dos momentos onde conheci as pessoas mais importantes da minha vida
Das loucuras que fiz para manter essas pessoas do meu lado
Saudade de errar
Saudade de arriscar
Saudade de ter medo de ser livre
Mas acima de tudo feliz
Feliz por não errar mais
Feliz por não precisar arriscar, e sim ter mais certeza do que estou fazendo
Feliz por ser livre sem medo
Feliz por ter ao meu lado aquelas pessoas
Que muitas vezes eu não sabia se estariam comigo por muito tempo
Que eu dei bronca quando faziam algo errado
Que abracei quando choraram
Que conversei quando sofriam
Que dei um presente apenas pra ver um sorriso
Que ensinei meus hobbies pra que ficasse mais perto de mim

O tempo passou, um longo tempo passou, uma vida passou
E agora solto o ar que puxei para meus pulmões
Em um longo suspiro...

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Entrega em domicílio

Ventava muito... O tempo parecia não passar... E cada minuto parecia uma eternidade...
Cada passo naquela neve densa era um sacrifício enorme.
Éramos um bando de apenas 4 pessoas. Estávamos sozinhos no meio da imensidão de gelo.
O vento uivava e mesclado ao frio nos dava a impressão de que a qualquer momento iríamos ser congelados por uma baforada de um dragão branco.
Eu estava a frente fazendo meu papel de líder. Eu era o que tinha menos direito de demonstrar fraqueza naquele momento. Todos os outros esperavam que eu continuasse e era minha persistência que dava ânimo a eles.
Olhei para trás. A imagem era como um grande quadro branco onde o artista acidentalmente deixou cair algumas gotas de tinta vermelha, azul e marrom. Só havia neve, casacos de pele, cachecóis e um saco pesado que revezávamos.
O que quebrava a imensidão branca eram os cachecóis. Cada um ali representava uma cidade. Éramos um pequeno concelho mas nossas decisões afetavam a vida de centenas de pessoas. Nossa morte naquele lugar significaria quatro cidades desamparadas.
Eu era o líder desta viagem pois conheço o caminho até nosso destino. Precisamos chegar rápido ao forte mas ainda faltam alguns quilômetros...
Passadas algumas horas, após comermos pão, bebermos vinho e descansarmos um pouco, a nevasca cessou e o sol esquentou um pouco nosso corpo.
Continuamos nossa viagem até avistarmos no horizonte a muralha.
Nosso sentimento foi de grande alívio. Finalmente chegamos e iríamos cumprir nossa parte do acordo.
Fomos amparados pelos guardas da muralha que nos levaram até o regente da cidade, na presença de um clérigo e um mago alquimista (os de maior influência ali dentre o governo).
Colocamos o saco sobre a mesa, tiramos nossos suplementos (que não tinham nada haver com eles) e abrimos.
Todos ficaram maravilhados. Então aqueles quatro realmente conseguiram cumprir sua parte no acordo.
Diante deles sobre a mesa, ainda com um rubor de saúde único da raça, estava um filhote de dragão vermelho morto.
Agora o alquimista tinha o material que precisava.

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Inspiração inicial através de Fleet Foxes - White Winter Hymnal


domingo, 11 de novembro de 2012

Vingança dracônica

    O velho ancião dragão vermelho soltou uma baforada para o céu, sem nenhum objetivo maior senão lamentar.
Seu filho estava morto. Morto por humanos que sequer conheciam suas motivações. Morto por apenas sobrevoar o castelo como um filhote curioso, tentando entender o que eram aqueles que se movimentavam.
O que ele faria agora? Todos seus tesouros já não possuíam mais um herdeiro, havia dedicado grande parte de sua vida criando seu pequeno para que quando partisse eternamente rumo a Garyx houvesse alguém para dar continuidade em sua missão.
Percebeu que havia recebido não apenas uma desgraça dos deuses, mas também uma nova missão (talvez do próprio Garyx): ele precisava voltar a sua vida de destruição, só assim ele vingaria a morte de seu filho e deixaria de lamentar. Seria a melhor forma de demonstrar sua fé e ao mesmo tempo mostrar que não se mata um dragão sem se sofrer consequências.
Chegou a hora de sair de sua caverna, abandonar momentaneamente sua pilha dourada e partir rumo ao sua nova aventura.
"Não vai ser nada difícil, sei que eles não tem chance contra mim" era o que passava por sua cabeça. Talvez por isso ele resolveu fazer as coisas de uma forma um pouco diferente.

sábado, 20 de outubro de 2012

Frio

O calor humano é uma sensação estranha.
Os humanos conseguem ser quentes em seus corpos e frios em seus sentimentos.
Vi durante séculos feiticeiros que se especializaram no fogo com a esperança de serem respeitados pelo seu poder de destruição. Vi também vários magos que procuraram no fogo um sentido maior para sua existência observando as chamas tremularem em velas e se aquecendo em lareiras deitados lendo seus livros.
Eu fui diferente. Eu busquei compreender a frieza dos seres. Busquei compreender como a indiferença muitas vezes é a maior arma contra qualquer exército. Eu busquei o conhecimento, evoluí e combati o fogo com minha pele gelada. Me tornei um ser frio literalmente.
Agora sou o floco de neve que no meio de uma nevasca nunca é percebido mas que pode apagar uma fonte de calor com um simples toque. Agora me tornei aquele que durante a noite passa por entre seus cabelos em forma de brisa e que faz com que você se arrepie procurando se agasalhar. Agora sou aquele que sua mãe sempre disse pra você tomar cuidado ao sair de casa, dando um agasalho com a esperança de protegê-lo de alguma forma.
Aprendi a ser assim, aprendi a me distanciar do calor humano, aprendi a ser um ser que não depende de outros para existir, aprendi a ser aquele que quanto menos próximo estiver dos humanos mais poderoso estarei.
O calor humano me dá medo.